Você costuma premiar e castigar a sua criança dependendo do comportamento? Então, está na hora de rever essa postura e entender as consequências desses atos
Você costuma castigar a sua criança por maus comportamentos ou atitudes que você considera inadequadas? Por exemplo, quando ela faz “birra“? E premiar quando faz o que é considerado bom ou o que foi pedido? Hoje, convidamos você a olhar de uma outra maneira sobre esses temas.
Comecemos falando sobre o castigo e o que ele acarreta. Agressões físicas, gritos, castigos, ameaças e punições provocam a liberação de cortisol e adrenalina no cérebro da criança. O cortisol é um alerta do organismo que é disparado em resposta ao estresse.
Os efeitos do cortisol no corpo da criança
Como consequência, ele faz com que aumente a pressão arterial e o açúcar no sangue. Com isso, propicia energia muscular por entender que o corpo deverá reagir. Ou seja, ao liberar cortisol a criança não tem mais condições biológicas e neuroquímicas de ficar quieta.
E mais! Uma vez liberado, o cortisol provoca uma pausa das funções anabólicas do corpo. Isso quer dizer que qualquer ação de recuperação, renovação e criação de tecidos fica em segundo plano para tratar dessa “emergência”. Como o combate a uma doença ou ferida e até mesmo o processo de crescimento da criança.
É por isso que se observam muitos casos de doenças, de dificuldades de aprendizado e desenvolvimento nas que vivem em ambientes de estresse tóxico. E, também, o cortisol altera o sono e o humor dos pequenos.
Sobre premiar e castigar a criança
Outra consequência dos castigos: quando seu filho age com medo de ser castigado, ele não está desenvolvendo a consciência sobre o próprio erro. Não está pensando no outro ou na consequência dos próprios atos. Ele simplesmente está agindo para que não seja castigado novamente. Sendo assim, o foco está apenas nele. É como se o adulto estivesse adestrando a criança.
Além disso, castigos como o cantinho do pensamento fazem com que ela associe o pensar como algo negativo. E, na verdade, não permitem que realmente pense sobre o que fez. Normalmente, castigamos a criança para que se envergonhe, se sinta mal. Achando que isso será motivo para que melhore da próxima vez. Mas, não é bem assim! E a reação de cada uma vai depender, também, do tipo de temperamento que predomina.
Sim! Por exemplo, aquelas que são coléricas vão sentir muita raiva dos pais, vão desejar ter outros pais e até dizer isso a eles, e provavelmente vão pensar apenas em vingança. Mas, nunca vão achar que fizeram algo inadequado. Com o tempo, podem aprender a mentir para evitar que sejam levados para o cantinho do pensamento ou que sofram outro tipo de castigo.
Já as da tristeza, como as melancólicas, vão se sentir tão mal, mas tão mal, que passarão a acreditar que tudo o que fazem é errado, que não são boas o suficiente e que nunca conseguirão acertar. E isso aumenta a sua insegurança e baixa autoestima. Em nenhum desses casos, as crianças da raiva e da tristeza vão aprender a olhar o problema e a se preocupar com as soluções.
Qual é a melhor maneira de agir sem premiar ou castigar a criança?
Mas, como agir? Em primeiro lugar, é importante que você e a criança se acalmem antes de qualquer atitude. Se seu filho está descontrolado emocionalmente, o que popularmente é conhecido como “birra”, ofereça uma ajuda para que ele lide com aquela raiva.
Também é fundamental mostrar uma maneira de extravasar esse sentimento. Ele pode, por exemplo, bater em uma almofada, ir para outro lugar, bater palma ou até mesmo fazer um desenho. Sugira algo e veja a sua reação. Respeite o momento da raiva e espere que ela passe.
Cantinho da calma
Uma boa saída é criar um cantinho da calma. Em um momento de tranquilidade, escolham um lugar da casa para criar esse espaço. Então, pergunte a cada um da família o que vocês poderiam colocar para ajudar a acalmar quando a raiva surgir? Podem ser livros, música, papel e lápis para desenhar, um brinquedo favorito etc. Todos da casa, incluindo os adultos, devem usar o cantinho quando estiverem nervosos.
Ah, e uma dica importante: não imponha que a criança vá para o cantinho da calma. Pergunte, de maneira tranquila, se ir para esse local irá ajudá-la a se acalmar. Se a resposta for não, ok! Ofereça um abraço e respeite a negativa de seu filho. Outra observação: crianças de até 3 anos precisam da presença do adulto para se acalmar. Por isso, vá junto. Já as mais velhas podem ir sozinhas.
Depois, com os ânimos controlados, conversem sobre o ocorrido. Pergunte ao seu filho como ele pode agir para reparar os danos que causou. Pergunte, também, como ele se comportará da próxima vez em que a situação ocorrer. Foque no problema e nas soluções possíveis. Dessa maneira, você o ajudará a criar consciência dos próprios atos.
Prêmios em Montessori
Na educação tradicional, é comum premiarmos as crianças por qualquer motivo. Mas, Maria Montessori alerta em seus estudos que quando nossos filhos fazem algo pensando no prêmio que vão receber, não estão agindo pelo prazer em fazer, pelo prazer em ver o resultado, pelo prazer em produzir. Ao contrário, estão pensando apenas na recompensa.
Alguma vez você já parou para pensar no que está ensinando à criança quando diz que vai lhe dar um doce se ela ficar em silêncio na igreja? Com essa atitude, o adulto está fazendo com que ela “venda” o seu silêncio e o seu bom comportamento por uma premiação externa. E não por uma orientação sobre a maneira mais adequada de se comportar, sobre respeito, sobre regras de convivência. Ou seja, esse recurso não desenvolve os valores e princípios de educação na criança e ainda planta a semente da corrupção. Exagero? Só o tempo dirá.
Elogios apenas para as conquistas da criança
Por isso, Montessori propõe que a criança seja reconhecida e recompensada apenas pela própria conquista. Apenas quando ela conseguir fazer algo por ela mesma, sozinha. Por exemplo, quando está há dias tentando montar um quebra-cabeças e de repente termina. Ou quando, após várias tentativas, consegue abotoar a própria camisa. São ou não bons motivos para que seja elogiada? Saiba como elogiar da maneira mais adequada.
É preciso entender que quando elogiamos ou recompensamos a criança por sua própria conquista, ela sente orgulho por ter conseguido, por fazer algo por ela mesma. Só que, para isso, precisamos deixar que trabalhe a própria autonomia.
E, também, é necessário ter paciência com o erro. Se ela fez algo errado, deixe que viva a consequência e tente novamente. Com a prática, ela vai se aprimorando. Lembre-se de que o erro não é sinônimo de fracasso. Mas, sim, resultado de uma experiência que não ocorreu como esperado.
Viu só como é preciso entender sobre o universo infantil para lidar de maneira mais adequada com nossos filhos? E, hoje, há uma grande quantidade de estudos, pesquisas e ensinamentos que oferecem recursos nobres para educar as crianças. Somente neste artigo falamos de três deles: Temperamentos Humanos, Disciplina Positiva e os estudos de Maria Montessori. Todos esses são temas de cursos online da plataforma MundoemCores.com.