Muita gente confunde disciplina positiva com permissividade. Veja só o que diz uma de nossas especialistas
Quando falamos em disciplina positiva, muita gente confunde a falta de punição com permissividade. Mas, não é bem assim. Isso porque essa abordagem é justamento o caminho do meio entre a tal permissividade e o autoritarismo, pois entende que ambos são prejudiciais para o desenvolvimento da criança. Hoje, separamos essas palavras escritas pela nossa especialista Tamira Viana, que é autora do curso Entendendo o Comportamento da Criança. Veja só essa reflexão:
“A disciplina positiva não gera uma sensação de impunidade?”
“Já escutei essa pergunta inúmeras vezes em palestras e treinamentos. E também de mães e pais que querem educar com disciplina positiva, mas em determinado momento são ‘pegos’ por essa questão.
Quando falamos em não punir uma criança numa sociedade extremamente punitivista (que, como vemos, não vem funcionando muito bem), a primeira sensação é realmente de impunidade. Sensação de que a criança vai entender que pode fazer o que quer, sem respeito, sem regras. Vai virar ‘sabe-se lá o quê’. Aí dá uma baita sensação de insegurança, de vulnerabilidade. Dá medo!
Mas, muito desse medo vem da história do ocidente, em que alguns autores ‘ditaram’ todo um pensamento dominante: de que o ser humano é naturalmente egoísta, agressivo, dominador. E, sendo assim, precisaríamos ‘consertar’ as crianças, colocá-las no trilho antes que suas más tendências aflorassem.
Há gerações que tentamos ‘consertar’ as crianças com punição, dureza, desamparo, violência. Numa (vã) tentativa de que sejam amorosas, respeitosas, compassivas.
Porém, o que a neurociência já descobriu é que assim como o potencial para a dominação, para o egoísmo e agressividade, o ser humano tem potencial biológico para a empatia, compaixão e colaboração.
Então, não precisamos inibir as ‘más tendências’ das crianças, precisamos é nos atentar para o que incentivamos nelas. Nos atentar à maneira como as educamos e colocamos os limites necessários – e existem muitas maneiras de educar sem punição e sem violência.
É como a lenda que diz que vivem dois lobos dentro da gente, um ‘bom’ e um ‘mau’. Ganha aquele que é mais alimentado.
Qual ‘lobo’ da sua criança você quer alimentar?”