Criança chora! Umas mais, outras menos. Mas, como podemos lidar com o choro infantil?
Criança chora! Algumas mais, outras menos, mas o fato é que muitas vezes fica difícil lidar com os nossos filhos nesses momentos, não é verdade? Quando ainda não sabem falar, ficamos tentando entender o motivo. Quando crescem e continuam chorando, também ficamos perdidos e, em alguns casos, recorremos ao “Pare de chorar!”. Mas, qual será o impacto disso? E, afinal, por que meu filho chora tanto?
Para início de conversa, nossas especialistas sempre alertam que não existe choro sem motivo. Então, já esqueça aquelas frases que, provavelmente, você ouviu a vida inteira, como “Você não tem motivo para chorar!” ou “Engole o choro! Pare de frescura!”. Elas podem ter um peso muito grande, principalmente para os meninos.
Meninos são mais afetados
Foi o que comprovou uma revisão de estudos publicada no Psychology Today, dos Estados Unidos. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que os meninos são mais afetados por situações de estresse e experiências negativas. O que acontece tanto durante a vida intrauterina, como na primeira infância.
Por outro lado, as meninas são capazes de desenvolver mecanismos para lidar melhor com as situações adversas, se tornando mais resilientes. Enquanto que eles amadurecem mais devagar e são mais vulneráveis.
Por exemplo, aos seis meses de idade, os meninos já demonstram mais frustração do que as meninas. Aos 12 anos, reagem mais a estímulos negativos. E tudo isso piora quando reforçamos os estereótipos de que “meninos não choram”, podendo até prejudicar o desenvolvimento dessas crianças.
Os tipos de choro do bebê
Voltando a falar sobre os bebês, o fato de ainda não saberem se comunicar pode deixar o pai e a mãe preocupados por não entenderem qual a razão daquele choro. Além disso, podem se perguntar: por que meu filho chora tanto?”. Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que o choro é a única maneira que ele tem de se comunicar.
Mas, calma! A boa notícia é que você pode entender a linguagem do choro da sua criança. Por exemplo, no curso Cuidados com o Bebê, nossa especialista Pâmela Rodrigues explica os motivos dos choros. Em resumo, os bebês choram por fome, sono, desconforto, vontade de arrotar, cólica e também por necessidade de chamego.
Quando assistir a esse curso, você vai ver que o som emitido pelo bebê durante o choro muda dependendo da sua necessidade naquele momento. Também vai aprender como identificar cada tipo de chorinho. Sim! Uma excelente ajuda para mamães e papais. Pâmela preparou um verdadeiro manual para a chegada do bebê.
O ouvido da mãe
Continuando no assunto choro infantil, uma curiosidade. Você sabia que o ouvido da mulher fica mais aguçado depois que ela se torna mãe? Sim! Um estudo da Academia Nacional de Ciências, dos Estados Unidos, comprovou que o cérebro sofre algumas adaptações após a maternidade.
Durante a pesquisa, cerca de 600 mulheres de 11 países, incluindo o Brasil, foram avaliadas. E o resultado mostra que as adaptações ocorridas no cérebro após a maternidade incluem uma audição mais aguçada. Ou seja, quando elas ouvem os filhos chorar, as áreas cerebrais associadas à intenção de se movimentar e de falar são ativadas imediatamente.
Da mesma forma, outras pesquisas já identificaram que novos neurônios surgem no cérebro feminino durante a gestação. E que os hormônios da gravidez alteram algumas funções cerebrais, fazendo novas conexões. Tudo isso é resultado de um preparo do organismo para a maternidade, envolvendo uma combinação de fatores biológicos e ambientais.
Por que meu filho chora tanto?
Ok, já falamos que os bebês choram para se comunicar. Mas, e quando a criança já sabe falar? Por que ela chora tanto? Em primeiro lugar, é importante que o adulto conheça sobre o desenvolvimento infantil para que saiba o que esperar de cada fase da criança. Dessa forma, se tornará mais compreensivo.
Por exemplo, esse pensamento de que a criança não precisa chorar cai por terra logo no início. Porque, ao estudar, você adquire a consciência de que a maturidade cognitiva não caminha, necessariamente, com a maturidade emocional.
Isso explica porque a criança chora, mesmo quando você conversa com ela no momento em que precisa negar algo. Isa Minatel, autora dos cursos Montessori em Casa e Temperamentos da Criança ao Adulto, do MundoemCores.com, exemplifica.
“Uma criança de 3 anos está em um parque de diversões. O pai diz que ela não tem altura para ir em um brinquedo e, mesmo entendendo, ela chora. Chora porque não consegue, ainda, lidar com aquela frustração, pois não tem maturidade para receber a informação sem chorar. Entender não significa que a criança aguenta aquela informação. O fato de entender é cognitivo, o de aguentar é emocional”, explica Isa.
Entenda a perspectiva da criança
Além disso, é preciso ter em mente que a criança tem sempre um motivo para chorar, como bem explica nossa especialista Elisama Santos. Ela é autora do curso online Educando com Disciplina Positiva, aqui do MundoemCores.com.
“Se seu filho está chorando, ele precisa ser acolhido e o motivo entendido, mesmo que, inicialmente, você ache aquele motivo bobo. Nós precisamos entender que a criança tem os problemas conforme a capacidade dela, conforme o que ela pode lidar. Que não cabe a nós julgar se um choro é devido ou indevido, se o choro é necessário ou não”, ressalta.
Em resumo, muitas vezes, o que é importante para seu filho pode parecer insignificante, bobo, para você. E o contrário também. Como resultado, acontecem as injustiças. Além disso, é interessante ficar atento ao que há por trás desse choro. Já que, na maioria das vezes, o adulto relaciona a cena a alguma situação do momento. Mas, esse choro pode ter outro motivo. Será que sabemos interpretar o que o choro significa? Será que sabemos como agir?
Como agir quando a criança chora?
Antes de mais nada, quando a sua criança chorar, seja empático. “Se a sua atitude estiver partindo de um lugar de ‘Eu quero que esse choro pare’, ‘Eu quero resolver esse choro’, não vai dar certo! Você está querendo manipular o choro dessa criança, você não está tendo empatia”, alerta Elisama Santos.
E continua: “A empatia parte de um lugar de ‘Eu vou me conectar a essa criança. Entender o que ela está sentindo’. Eu não tenho que entender todos os choros. Eu posso, simplesmente, olhar pra ela com muita honestidade e falar: ‘Filha, eu não sei por que você está chorando. Só o que eu posso fazer agora é te dar um abraço. Você quer um abraço?'”.
Portanto, nossas especialistas sugerem que você acolha o choro do seu filho e espere que ele se acalme, aguardando o tempo que precisa para isso. E você? Coloque-se disponível, diga que está ali para o que precisar. Mas, não ceda a todos quereres só para a criança parar de chorar. Se negou algo porque foi necessário, mantenha-se firme, mas seja empático com seu filho.
Quando ceder?
Em contrapartida, existem momentos em que podemos ceder. Quando cinco minutos a mais de brincadeira não fizerem diferença, ceda, faça um combinado. Conversem, estabeleçam um acordo. Isso ajudará a sua criança a aprender a negociar na vida. Mas, veja bem, não é deixar que a criança escolha tudo, e sim dar espaço para que seja ouvida e atendida vez ou outra. Busque a linha tênue do equilíbrio e deixe os confrontos para o que for realmente importante.
Uma boa dica para saber se está agindo com a sua criança de uma maneira interessante, que eduque sem quebrar o vínculo, é se perguntar: eu faria a mesma coisa com um adulto? Agiria da mesma maneira caso meu filho não fosse criança, ou não fosse meu filho? Se chegar à conclusão de que desrespeitaria um adulto, então pode ser que também seja desrespeitoso para uma criança.
Alternativas ao “Pare de chorar”
Eu imagino que você esteja triste (bravo, frustrado ou decepcionado).
Reconhecer o sentimento ajuda a criança a dizer o que está sentindo numa próxima vez e, também, não desmerece o que ela está vivendo naquela hora. Um bom exercício de empatia.
Sinto muito pelo que aconteceu.
Mostre que você se importa com os sentimentos do seu pequeno. Isso ajuda até mesmo quando precisar negar algo. “Filho, eu sinto muito. Eu sei que você queria muito aquilo, mas não é possível. Venha aqui com a mamãe”.
Posso te dar um abraço, se quiser.
Pergunte ao seu filho se ele quer um abraço. Mas, veja, não são todas as crianças que gostam de ser abraçadas, principalmente nesses momentos. Respeite a individualidade.
Também me sinto assim às vezes.
Compartilhar uma vulnerabilidade sua ajuda a criança a superar o que está vivendo. Diga que também se sente triste algumas vezes. Ou que fica frustrado de vez em quando. Isso aproxima vocês e humaniza o adulto.
Você pode fazer um desenho para colocar essa tristeza no papel.
É importante ajudarmos a criança a lidar com aquele sentimento para consiga fazer isso das outras vezes em que se sentir da mesma maneira. Uma boa dica é perguntar se ela quer fazer um desenho para demonstrar o que está sentindo.
Chorar acalma o coração.
Em vez de “Pare de chorar!”, permita que seu filho chore, descarregue aquela emoção. Chorar não é feio, não é proibido. É importante, também, viver esses momentos.
Estou aqui, se precisar.
Às vezes, a gente precisa ficar sozinho para se acalmar, para enfrentar determinada situação e lidar com os próprios sentimentos. Respeite isso e, mais uma vez, coloque-se à disposição para que a criança o procure quando estiver pronta.
Posso cantar uma música para te ajudar a se acalmar.
Essa é mais uma dica de ferramenta para ensinar o seu filho a lidar com as situações mais difíceis. Sempre pergunte se ele quer. E vocês também podem criar outras estratégias para esses momentos.
Todo mundo se sente assim às vezes.
Sim, é interessante mostrar para a sua criança que ela não deve se envergonhar daquele sentimento. Afinal, todos os sentimentos são válidos e querem nos mostrar algo. O mais importante é saber o que fazer na hora em que eles surgem para não tomarmos atitudes das quais podemos nos arrepender.
Vem sentir a barriguinha subir e descer (respiração profunda) comigo.
Mais uma ferramenta que pode ser útil nesses momentos. Respirar fundo traz inúmeros benefícios, entre eles, ajuda a acalmar. Ensine isso ao seu filho e ele poderá lançar mão dessa técnica quando você não estiver por perto.
Seja empático
Até agora, você já viu que é preciso acolher a criança, ser empático e se mostrar disponível para ajudá-la a lidar com aquele momento. Mas, lembre-se de que é preciso assistir aos cursos para entender melhor sobre crianças e aprender novas maneiras de lidar, novos recursos de educação.
“A gente aprendeu a ignorar ou reprimir as emoções. Mas, não dá pra viver sem sentir. Não dá pra fingir que tristeza é coisa de gente mal agradecida ou infeliz. Não existe botão de desligar a tristeza. E calar o choro infantil é transferir nosso analfabetismo emocional para eles. Existem formas mais amorosas e empáticas de acolher o choro sem, necessariamente, ter de atender a todos os quereres”, destaca Elisama Santos.
E acrescenta: “Mesmo o mais duro dos limites pode ser apresentado com gentileza. E todo sentimento pode – e deve – ser acolhido como parte importante da nossa natureza humana. Choro cura. Lava a gente de dentro pra fora. E quanto mais cedo os nossos filhos aprenderem a aceitar o próprio sentir, melhor pra eles. A saúde física e mental das futuras gerações agradece. E o mundo também”.