Seu filho anda batendo em você ou em algum coleguinha? Então você precisa ler este texto e descobrir por que a criança bate
De repente, aquela criança linda e fofa aprende a bater. Seja na mãe, no irmão ou no amiguinho da escola, o fato é que, nessas horas, os pais se desesperam e questionam: por que a minha criança bate nos outros?
Para começar, saiba que seu filho não bate com a intenção de ferir alguém, de causar um dano. Isso porque, para fazer isso intencionalmente, ele teria de ser capaz de colocar no lugar do outro. Porém, as crianças ainda estão na fase do egocentrismo, e não conseguem fazer isso.
Agora, que tal fazermos um checklist para tentar entender os motivos desse comportamento? Sendo assim, a primeira pergunta a ser feita é: você bate na sua criança? Se a resposta for sim, então é possível que ela faça o mesmo porque acredita ser o certo. Por isso, tenha sempre em mente que seu filho é uma esponja e que você é o exemplo maior. Ou seja, o que fizer, é bem provável que ele vá reproduzir.
Ah, e mesmo que a criança não apanhe em casa, ela pode estar tendo contato com esse tipo de violência. Por exemplo, na internet, na TV, ou no relacionamento com outras crianças. Vale a pena ficar de olho!
Crianças batem porque não têm outros recursos
Mas, se a agressão física passa longe da sua casa e dos ambientes em que seu filho convive, vamos então a outros itens do nosso checklist. Bom, em primeiro lugar, tenha em mente que muitas vezes a criança bate porque ainda não sabe se expressar em palavras sobre o que sente.
E isso também pode acontecer com as crianças maiores. Porque, mesmo que elas saibam falar, ainda não conseguem explicar direito sobre os sentimentos. Lembre-se que muitos adultos também não. Veja só o que diz a Tamira Viana, autora do curso Entendendo o Comportamento da Criança.
“É importante entender que as crianças batem, mordem, chutam, gritam, empurram e puxam cabelo porque são os recursos que elas têm para lidar com seus sentimentos ou com os conflitos que enfrentam. Costumo dizer que esses recursos vêm de fábrica. Somente com o tempo vão aprendendo recursos e habilidades socialmente adequadas. Não é justo inclusive retirar esses recursos sem ensinar outros”, ressalta.
Nesse curso, a Tamira preparou uma aula exclusiva sobre as crianças que batem e como o adulto pode agir nesses momentos e também depois que eles passam, ensinando recursos para que os pequenos lidem melhor com a situação da próxima vez.
Crianças com temperamentos da raiva batem
Além disso, outro item a ser observado é o temperamento do seu filho. Por exemplo, crianças que têm um temperamento da raiva predominante, como as coléricas e as sanguíneas, não precisam ser ensinadas a bater.
“As crianças da raiva não precisam ser ensinadas a bater. Ainda que elas nunca tenham apanhado, elas sabem bater. Porque a raiva libera, quimicamente falando, cortisol e adrenalina no cérebro e a faz agir por impulso”, explica Isa Minatel, autora dos cursos Temperamentos da Criança ao Adulto e Montessori em Casa.
Busca por atenção
Embora a gente saiba que grande parte dos pais e mães passam pouco tempo com seus filhos para garantir uma vida melhor, muitas vezes a rotina atribulada faz com que, nesses poucos momentos juntos, eles não estejam presentes de fato.
Ou seja, você passa o dia inteiro trabalhando e, quando chega em casa, está preocupado com outras questões e fica no celular ou arrumando coisas. Só que a criança precisa de atenção exclusiva, nem que seja por 30 minutos diários. Porque, do contrário, ela irá requerer a sua atenção de outra maneira, como batendo.
E ela também pode fazer isso para se expressar sobre o tipo de educação que vem recebendo. Os pais são autoritários demais e não deixam o filho fazer nada? são muito permissivos e parece que nem se importam com ele? A criança pode não saber exatamente o quê, mas tem alguma coisa incomodando muito. E ela demonstra isso batendo! Portanto, como bem explica a Disciplina Positiva, trata-se de um comportamento inadequado que nasce de uma necessidade não atendida.
Crianças que batem porque estão felizes
Sabe aquelas crianças que ficam tão felizes, eufóricas e excitadas que começam a sacudir as mãos? Então, algumas delas podem até bater quando se sentem assim. Isso porque elas ainda não conseguem se conter e precisam extravasar essa energia de alguma maneira.
O que fazer com a criança que bate?
Dar o exemplo
Já falamos aqui, no começo deste texto, que a criança é uma esponja e que seus pais são seus modelos. Então, se você quer moldar o comportamento do seu filho, comece por rever a sua maneira de agir com ele. Ou seja, nada de bater, nada de rotular a criança, pois essas coisas somente reforçarão esse comportamento.
Ajude a criança
“A criança, principalmente as do temperamento da raiva, realmente não tem noção do que fazer com o que está sentindo. Então, a gente precisa ajudar. E, às vezes, até chegar no autocontrole, ela precisa extravasar essa raiva em algum lugar. Desse modo, dê alguns recursos pro seu filho”, explica Isa Minatel.
Que recursos seriam esses? “Ele bateu porque ficou bravo e quando fica bravo ele gosta de bater? Então, onde é que ele pode bater, se não é na mamãe? Num saco de areia pode bater, numa almofada pode bater, num bicho de pelúcia feito pra isso pode bater. Aos poucos, a gente precisa ensinar que a nossa raiva serve para produzir resultado. Ela não pode fazer mal pra mim mesmo, pro outro ou pro ambiente”, acrescenta.
Acalmem-se primeiro, conversem depois
Existe uma frase, da Elisama Santos, que volta e meia usamos: ninguém ensinar alguém que está se afogando a nadar. Primeiro você salva a pessoa e só depois, quando a crise passou, é que ela vai aprender.
Essa bela explicação da nossa especialista, autora do curso Educando com Disciplina Positiva, fala por si só. E deve ser usada nos momentos de crise com a sua criança. Portanto, se ela bateu porque está com raiva, acalme-se antes e ajude seu filho a se acalmar. Depois, vocês conversam.
Oferecer recursos para a criança
Em vez de bater, o que a sua criança pode fazer para extravasar a raiva, por exemplo? Se ela for pequena, Elisama Santos sugere outros recursos. Um deles é propor que a criança converse com a própria mão, para falar o que essa mão pode ou não fazer.
Outra ideia é pegar a mão da criança e passar no rosto da mãe, dizendo que a mão faz carinho. Já se seu filho for maior um pouco, abaixe-se à altura dele, acolha, nomeie os sentimentos e ofereça um abraço. Tudo para que, primeiro, ele se acalme. Depois, então, conversem.
Preparamos um episódio do programa Fralda Justa sobre esse assunto e tem vários outros exemplos lá. Além disso, é muito importante assistir aos nossos cursos. Só estudando é que você poderá saber mais sobre o desenvolvimento do seu filho e aprender como agir de maneira mais eficaz. Tudo isso está acessível para os assinantes do MundoemCores.com