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O casamento depois dos filhos

O casamento depois dos filhos

Para grande parte das famílias, a chegada de um bebê é um momento muito esperado e idealizado. Mas como manter o casamento depois dos filhos?

Um em cada três casamentos termina em divórcio no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E os números de separações só aumentam ao longo dos anos. Alguns estudos também comprovam que a chegada de um filho muda completamente a relação entre o casal e, em muitos casos, é um dos motivos para o fim dessa união.

Entre 1984 e 2016, ocorreram mais de 7 milhões de divórcios no país num universo de 29 milhões de casamentos. Isso representa cerca de 580 dissoluções por dia – um aumento de 269%. Além disso, os últimos dados do IBGE, do ano de 2017, mostram que a maior parte aconteceu em famílias com filhos menores de idade, 46,1% do total. Outros dados: 7,9% tinham filhos maiores e também menores de idade; 17% tinham filhos maiores de idade; e 28,9% não tinham filhos.

Da mesma forma, as estatísticas do instituto apontam que, dentre as separações, 32% acontecem antes de o casal completar 5 anos de relacionamento. Desse percentual, 20% não chegam a comemorar 2 anos de casados.

Especialistas apontam diversas causas para isso, como a facilidade trazida pela Lei do Divórcio, as dificuldades pela chegada de um filho, as expectativas e idealizações sobre a vida a dois e a falta de diálogo.

Divórcio X Casamento infeliz

Já se sabe que a separação impacta mais fortemente na vida de crianças e adolescentes de 7 a 14 anos, do que nos mais novos. Por exemplo, eles apresentaram 16% mais problemas emocionais e 8% mais desvios de comportamento quando comparados aos filhos de pais casados. Esse foi o resultado de um estudo da University College London, que analisou mais de 6 mil crianças nascidas no Reino Unido, com idades de 3, 5, 7, 11 e 14 anos.

Outro estudo com o título “Efeitos do Divórcio sobre as Crianças”, foi publicado em 2012 pelo Marriage and Religion Research Institute (Instituto de Pesquisas sobre Casamento e Religião), nos Estados Unidos. E descobriu que o estresse causado pelo divórcio prejudica a relação entre mãe e filhos em 40% dos casos.

Esse resultado apontou que após a separação dos pais as crianças recebem menos apoio emocional, assistência financeira e ajuda. Além disso, ocorre uma diminuição no estímulo acadêmico, na autoestima, na afetividade e no incentivo à maturidade social. E também impacta em menos momentos de lazer e mais castigos físicos.

Em cerca de 90% dos casos, as crianças permanecem com a mãe depois do divórcio. E isso, por exemplo, dificulta que o pai mantenha laços estreitos com os filhos. Durante essa pesquisa, quase a metade das crianças disse que não tinha visto o próprio pai durante o último ano.

Por outro lado, manter um casamento infeliz também impacta nos filhos. Esse foi o resultado de uma pesquisa feita pela Universidade de Oregon, nos Estados Unidos. Ela mostrou que bebês criados por casais infelizes podem apresentar uma série de problemas de desenvolvimento. Por exemplo, atrasos no desfralde e na fala, além de uma reduzida capacidade de se autoacalmar.

A chegada dos filhos

Para grande parte das famílias, a chegada do primeiro filho é um momento muito esperado e idealizado. A maior parte dos casais se preocupa com aspectos físicos, como o enxoval e o quarto do bebê, mas não se prepara para esse que pode ser um dos maiores desafios para os pais, pois se trata de um acontecimento que gera mudanças significativas na vida a dois.

Um estudo do Relationship Research Institute, situado em Seattle, nos Estados Unidos, revelou que cerca de dois terços dos casais relataram queda na qualidade da relação depois de três anos do nascimento do bebê. Após cinco anos, 25% dos casamentos resultaram em divórcio.

Isso também foi revelado durante a pesquisa Mães de Hoje, realizada pela Crescer, que ouviu a opinião de 3 mil mulheres com filhos. Para 53% delas, ter tempo para o marido ou companheiro não está na lista de prioridades. Tanto que 31% delas nunca saem com o parceiro sem as crianças, 15% o fazem apenas uma vez ao ano e 23% de duas a seis vezes no mesmo período.

Vida sexual

Igualmente, em outra pesquisa de 2016, realizada pelo Instituto do Casal – especializado em relacionamentos e sexualidade humanas -, homens e mulheres relataram que a chegada dos filhos impactou significativamente na vida sexual. Entre os fatores que mais interferem na relação conjugal, a maior dedicação às crianças do que à vida a dois apareceu em quarto lugar.

O resultado revelou que 55,9% dos casais consideram a vida sexual ruim ou regular. Quinhentas e dez pessoas que compartilham a vida a dois foram entrevistadas e 72,9% relataram mudanças expressivas na relação sexual após o casamento. Cerca de 70% dos entrevistados tinham entre 31 e 50 anos e mantinham relacionamentos estáveis há mais de dois anos. Em torno de 80% das pessoas ouvidas na pesquisa tinham filhos.

Entre os fatores que mais atrapalham os casais, interferindo na qualidade das relações, estão o trabalho, os problemas financeiros, a criação dos filhos e também a falta de ajuda de um dos parceiros nas questões relacionadas à casa.

Divisão de tarefas

Muitas vezes, o que ocorre nos casamentos é uma sobrecarga de tarefas, principalmente, sobre a mulher. Isso acontece devido a um comportamento histórico de que o homem deve trabalhar e a mulher cuidar da casa e dos filhos. Mas essa situação prevalece até mesmo quando ela trabalha fora, gerando o que é conhecido como carga mental.

Esse foi um fenômeno descrito pela primeira vez pela socióloga Suzan Walzer, em 1996. Durante o estudo intitulado “Thinking About the Baby”, ou “Pensando sobre o Bebê”, ela entrevistou 23 casais que tiveram filhos em um período de 12 meses e chegou à conclusão de que as mulheres assumiram o peso da educação das crianças e a manutenção do ambiente doméstico nos planos mental, emocional e intelectual.

Carga mental é uma expressão que consiste em pensar sem parar no que há para fazer e vem sendo utilizada justamente para explicar a quantidade de tarefas desempenhadas pelas mulheres ao longo do dia.

Em outras palavras, são elas que, na maioria dos casos, são as principais responsáveis por gerenciar tudo o que acontece dentro de casa e também fora dela. E o trabalho aumenta quando são mães. Tudo isso impacta fortemente no casamento, é claro!

É preciso diminuir a carga mental

Um estudo da Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, aponta que maridos e esposas são mais felizes quando compartilham as responsabilidades e decisões na criação dos filhos. Essa foi também a conclusão a que chegou uma pesquisa das Universidades de Utah e de Brigham Young, no mesmo país.

Cento e sessenta casais heterossexuais, entre 25 e 30 anos de idade, que tinham pelo menos um filho e, em média, 5 anos de união, foram entrevistados para avaliar se eles dividiam responsabilidades e como isso afetaria o relacionamento.

De acordo com Adam Galovan, um dos autores, “Quando a mulher percebe que o marido está envolvido com as tarefas, o relacionamento fica melhor para ambos. Fazer atividades domésticas e demonstrar engajamento com os filhos são coisas que fazem os homens se conectarem com elas”.  

Como manter o casamento?

Além da importância da divisão de tarefas indicada pelas pesquisas, outros fatores são fundamentais para se manter um casamento. Embora todos saibam que a chegada de um bebê exige uma dedicação intensa, especialistas alertam que o casamento precisa ser retomado assim que possível.

Voltando à pesquisa realizada pelo Instituto Casal em 2016, os entrevistados responderam quais são os fatores mais importantes em um relacionamento. E os cinco mais votados foram: afeto/carinho; amor; ter planos e sonhos em comum; fidelidade; e sexo. No último lugar ficou a paixão.

Entre os programas preferidos pelos casais brasileiros estão: viajar; comer; ver filmes; fazer amor e trocar carinhos. “Fomos surpreendidas com a ideia de que fazer amor não aparece tão em destaque quanto viajar, comer e ver filmes.

Ou seja, para essa população que respondeu a pesquisa, a parceria, a amizade e a cumplicidade são mais importantes que o sexo em si”, concluem as psicólogas Denise Miranda de Figueiredo e Marina Simas de Lima.

Conversar faz bem

Além disso, para sustentar uma relação, a base deve ser o diálogo, como explica Usiel Carneiro, especialista do MundoemCores.com, autor do curso online O Casamento Depois dos Filhos.

Para resgatar essa prática, ele sugere que ambos tenham um tempo dedicado apenas aos dois; que retomem o hábito de conversar começando por temas mais fáceis; que ouçam atentamente um ao outro; e que procurem compreender para também serem compreendidos.

Outra dica é que marido e mulher façam acordos e sigam princípios. “Há um princípio muito interessante que diz: nas coisas essenciais, devemos sempre lutar para que haja plena unidade, concordância; nas coisas não essenciais, nós precisamos dar liberdade um ao outro, aceitar o outro, acolher o outro. Agora, em todas as coisas, essenciais e não essenciais, amor”, afirma Usiel.

Uma coisa é certa: as mulheres com filhos, em geral, mesmo relatando um casamento mais frio, se sentem mais completas em outros âmbitos da vida, como revelou ampla pesquisa da Open University, no Reino Unido.

Então, se você quer dar mais uma chance à sua relação agora que a família aumentou, que tal assistir ao curso O Casamento Depois dos Filhos e melhorar ainda mais esse convívio?

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