Criança precisa apanhar? Dar carinho demais estraga? É preciso brigar quando ela faz algo de errado? Vamos falar dos cinco mitos sobre educar filhos
Você já parou para pensar em quantas ideias sobre educar crianças existem, e seguem reproduzidas nas famílias a cada geração, sem que se pense a respeito? Por isso, hoje vamos falar dos cinco mitos sobre educar filhos. Veja quais são eles:
Mito sobre educar filhos Nº1: “Quando a criança faz algo de errado, é preciso brigar com ela”
Para começar, vamos citar o mito de que “quando a criança faz algo errado, é preciso brigar com ela”. Mas, calma! Não estamos dizendo aqui que você deve passar a mão na cabeça do seu filho. Contudo, existem outras maneiras de se corrigir que não passam pelas brigas, gritos, castigos e agressões físicas.
Isso porque uma educação baseada na humilhação, na culpa e na vergonha não é, definitivamente, o melhor caminho para a construção de uma boa autoestima e nem será capaz de conscientizar seu filho sobre o que é certo e errado. Sem contar inúmeras outras consequências negativas.
Por exemplo, uma das maneiras para fugir disso é a Disciplina Positiva, como explica nossa especialista Tamira Viana. Ela é autora do curso Entendendo o Comportamento da Criança (clique aqui).
“Podemos ser firmes e gentis ao mesmo tempo. Gentil no sentido de respeitar a criança em sua dignidade, e firmes para sustentar aquilo que consideramos importante. É certo que, às vezes, nos irritamos e ficamos com raiva de alguns comportamentos, mas quando entendemos que somos os adultos da história e que a educação é um investimento para a vida toda, somos capazes de buscar informações sobre o que se pode esperar de uma criança e quais alternativas temos”, explica.
E mais: “Educar é conduzir, orientar, guiar e não brigar. Abaixar para ficar na altura da criança, sentar ao lado, olhar no olho. O diálogo, em que ambas as partes falam e se escutam, sempre foi e continua sendo a melhor maneira de resolver as coisas. Inclusive com as crianças”, finaliza.
Mito 2: “Fez errado, tem que corrigir na hora”
Continuando a falar sobre os erros das crianças, muitos pais e mães acreditam que elas precisam ser corrigidas na hora, que não podemos deixar passar. Contudo, que tal enxergar a situação por um outro ponto de vista? Pois, trata-se de mais um mito sobre educar filhos.
Pense bem, corrigir seu filho no momento do mau comportamento, quando o adulto e a criança estão nervosos, poderá fazer com que essa correção seja regada pela raiva e pela impaciência. Nessas horas, apenas o cérebro reptiliano, responsável pela sobrevivência, estará em ação, impossibilitando o raciocínio em todos vocês. (Clique aqui para saber mais sobre a raiva infantil)
Portanto, Tamira Viana explica que “a melhor forma de corrigir é esperar a poeira baixar, o sangue esfriar, o cérebro mamífero, responsável pelas decisões de qualidade, pela capacidade de empatia e de ponderar as consequências, voltar a ‘funcionar’ para, então, tomar as atitudes necessárias e possíveis. Ou seja, o aprendizado se dará com muito mais facilidade se a criança estiver apta a ouvir e entender. Não é porque passou alguns minutos/horas/dias do acontecimento que não se pode falar sobre ele e tirar preciosas lições. Certo?”.
Mito 3: “Se deixar a criança fazer tudo o que quiser, ela ficará mimada“
Outro mito sobre educar filhos tem relação com deixar a criança fazer tudo o que quiser. Há quem acredite que, dessa forma, ela ficará mimada. Mas, pense bem, sabemos que é impossível que ela faça tudo o que quer porque a vida já se encarrega de frustrá-la.
Além disso, é muito importante que a criança queira, deseje algo e que sinta a alegria de realizar os seus desejos. Uma vez que esse querer, essa vontade de conquistar será muito importante durante toda a sua vida. Então, se podarmos essa característica, poderemos contribuir para a formação de um adulto que não vai atrás do que quer.
Ou seja, a criança pode, sim, querer tudo, querer fazer várias coisas. Porém, por outro lado, ela não pode ter tudo o que quer. Entende a diferença? Da mesma forma, existe outro fator que tem relação com o desenvolvimento infantil, que é a capacidade de a criança vivenciar cada fase plenamente para que possa seguir adiante.
Por exemplo, crianças até os 3, 4 anos estão explorando, fazendo experiências em que utilizam, principalmente, as mãos para desbravar o mundo ao seu redor. Isso quer dizer que deixá-las livres para explorar é essencial para o seu desenvolvimento saudável. Sendo assim, muitas vezes ela quer pegar um objeto para sanar a sua curiosidade e, se ela tem a liberdade de vivenciar isso, logo ela perde o interesse em mexer.
“É muito importante, quando estamos buscando essa criação mais respeitosa, escolhermos as batalhas que vamos travar. Ou seja, escolher as batalhas de acordo com o que é realmente relevante para a formação do caráter da criança. Abrir mão da necessidade de controlar cada passo da criança liberta os pais para um cotidiano mais leve e liberta os filhos para seguirem sua própria natureza infantil”, explica Tamira Viana.
Mito 4: “Carinho e amor em excesso ‘estragam’ a criança“
Você também concorda que amor e carinho em excesso estragam a criança? Então, é preciso mencionar inúmeras pesquisas que apontam justamente o contrário. E nós já falamos sobre isso no texto “A importância do carinho para as crianças”.
Prova disso foi um estudo que descobriu que quanto mais toque maternal a criança recebe, mais desenvolvido é seu cérebro social. Com “excesso” de amor, propiciamos um lugar de acolhimento para os dias mais difíceis e ensinamos as crianças a serem mais amorosas e carinhosas em suas relações.
E, para ressaltar que essa ideia de que “carinho em excesso é prejudicial” se trata de mais um mito sobre educar filhos, vamos citar Jane Nelsen, responsável por esquematizar a Disciplina Positiva. Para ela, as crianças agem melhor quando se sentem melhor.
“Quanto mais aceita e amada a criança se sente, mais propensa ela fica a colaborar e a se comportar adequadamente. Por exemplo, você deixa claro para seus filhos o quanto os ama? É importante eles entenderem que, mesmo quando erram, ainda assim são amados, porque quando erramos é quando mais precisamos de apoio para fazermos melhor da próxima vez”, explica Tamira Viana.
Mito sobre educar filhos Nº5: “Se não bater na criança, ela ficará sem limites“
Para finalizar, vamos a mais um mito sobre educar filhos que acompanha as famílias desde muito tempo, de que toda criança precisa apanhar. Muitas pessoas argumentam que não se trata de agressão, mas de um “tapinha para assustar”. Mas, acredite, isso também pode ser prejudicial.
Prova disso são estudos que relacionam a exposição à violência dentro das famílias a comportamentos problemáticos em adolescentes. Uma dessas pesquisas associou o desenvolvimento cerebral imaturo ou atrasado de jovens aos comportamentos agressivos de seus pais. E isso influencia, ainda, o ritmo cardíaco, que pode ser afetado por castigos corporais recebidos.
“Se queremos respeitar nossos filhos como seres humanos, agredir não entra na lista de ferramentas de educação. Porque bater é uma punição violenta e, além de não ensinar sobre bom comportamento, ensina que o mais forte pode bater no mais fraco e que amor e violência andam juntos”, destaca Tamira Viana.
E, se você busca recursos para utilizar com seu filho, convidamos a assistir aos cursos Entendendo o Comportamento da Criança (clique aqui), Educando com Disciplina Positiva (clique aqui) e Montessori em Casa (clique aqui), apenas para começar.